maio 29, 2007

Medida sensata!

Comunicado do Conselho de Ministros de 24 de Maio de 2007

"Decreto-Lei que procede à segunda alteração ao Decreto-Lei n.º 74/2004, de 26 de Março, estabelecendo novas matrizes para os currículos dos cursos científico-humanísticos do ensino secundário

[...] Consagra-se, ainda, o fim da redução da carga horária semanal na disciplina de Educação Física, por se considerar estarem reunidas as condições logísticas para que esta disciplina funcione com duas unidades lectivas semanais.

[...] Estes reajustamentos ao currículo, que manterão o actual regime de avaliação, entrarão em vigor para o 10º ano no próximo ano lectivo e sucessivamente nos anos seguintes para os 11º e 12º anos."

Escola Pública quem és tu?

Apesar dos momentos difíceis que a Escola e o Sistema Educativo atravessam continuo a gostar de ensinar. Sou professora por convicção. E é exactamente porque vivo a Escola que estou preocupada com a confusão que se está a instalar no sistema educativo. Falo de programas, de rigor, de motivação, de organização, de igualdade, de estigma, de criatividade e de outras “coisas” que se relacionam com o “pulsar” da escola e da comunidade escolar. Antes que, também eu comece a ficar confusa, gostava de lançar algumas questões para partilhar a minha angústia face ao que está a acontecer. Não podemos assistir de “braços cruzados” àquilo que diz respeito a todos nós.

  • Porque continuam, os nossos governantes, a ignorar que existe uma grande percentagem de alunos a quem a escola e o gosto por aprender pouco ou nada dizem?
  • Porque insistem em querer ensinar conteúdos, embora falem de objectivos e competências, que se afastam dos reais interesses e motivações dos seus destinatários? Conhecerão os fazedores dos programas a Escola real?
  • Estará a Escola verdadeiramente empenhada em promover aprendizagens significativas para os alunos?
  • Não será desejável que o rigor e a exigência da Escola coabitem com a diferença?
  • O que mudou realmente na Escola?
  • Quem mudou na Escola?
  • O que é necessário mudar na Escola?
  • O que precisamos de fazer para que a Escola mude efectivamente?
Sem querer ferir susceptibilidades atrever-me-ia a dizer que a sociedade tem vindo a mudar mas a Escola pouco ou mesmo nada mudou. Nada daquilo que é essencial. A Escola foi aceitando como “normal” algumas práticas e comportamentos sem reflectir sobre as suas causas e efeitos.
Julgo ter havido pouca criatividade na elaboração dos currículos destinados aos alunos com dificuldades. Sim, digo com dificuldades porque não adianta escamotear este facto. Será correcto submeter estes alunos a um mesmo currículo? Quem deverá decidir? O aluno e o Encarregado de Educação? Terão eles argumentos para esta decisão? Este é um problema que se agrava quando falamos dos alunos que não gostam da Escola, isto é, aqueles que não querem aprender. O que fazer com estes alunos? Se é preciso mantê-los na Escola, porque não lhes ensinamos outras “coisas”? Porque insistem em querer ensinar-lhes Matemática se a Aritmética pode ser mais importante para a suas vidas? Este é só um exemplo, poderíamos arranjar muitos outros. Como podem estes alunos ter sucesso? Por favor, não confundam sucesso com nota positiva para passar. A isto chama-se camuflagem do insucesso. Este não é um caminho sério.
Falando de estigma, alguns agentes educativos, não concordam com a formação de turmas homogéneas. Não é esta uma forma de respeitar os ritmos de aprendizagem dos alunos? Não estaremos a descurar os bons e os muito bons? Não estará a Escola Pública de costas voltadas para os alunos bons? Não estará a Escola a pautar os seus horizontes e a nivelar o seu rigor por baixo? Penso que a Escola e os Professores não podem conduzir a sua acção só, ou na maioria das vezes, em função dos alunos problemáticos e dos alunos com dificuldades de aprendizagem. A Escola tem de ter um rumo bem definido e não pode desviar-se nem demitir-se das suas funções.

Clementina Campelo

maio 20, 2007

Parabéns

Ontem Telma Monteiro venceu a Taça do Mundo e obteve o apuramento para os próximos jogos olímpicos de Pequim.
Vanessa Fernandes está em primeiro lugar no ranking do Triatlo feminino.
Naide Gomes ainda recentemente obteve outro excelente resultado.
Parabéns a estas excelentes atletas.

maio 15, 2007

PEPSTEAM

Se no que respeita a blogs de Educação Física em França, a blogosfera é ainda muito raramente povoada, já no que concerne a sites sobre esta nossa matéria a França está muito bem representada tanto do ponto de vista institucional como de sites pessoais.
A sugestão que vos trago hoje é a de uma verdadeira plataforma de recursos em EF, - Pepsteam, - feita por professores e estudantes de EF, gratuíta e aberta a todos os que se queiram inscrever. É um verdadeiro mundo de recursos variados sobre os vários temas e actividades ligados à EF e desporto.
É preciso dizer que um facto que move muito os professores de EF em França é a necessidade de realização de algumas provas escritas e orais durante a carreira de professor. Daí a existência de um conjunto largo de materiais que têm a ver com esse tipo de provas.
Resta dizer que quem queira lá inscrever-se tem o dever de conhecer e respeitar as regras da casa, como é de bom tom em todo o lado.

maio 03, 2007

Caladinhas e quietinhas…

A desqualificação da actividade docente persegue objectivos económicos claros: A redução da despesa pública. É um fenómeno perverso pelos seus efeitos na qualidade das práticas educativas; É um fenómeno oportunista porque busca a legitimação em baldios pedagógicos, como por exemplo, a oferta da educação física no 1º ciclo do ensino básico; É um fenómeno contagioso porque poderá alastrar a todo o ensino básico e secundário.

As recentes medidas legislativas de generalização da oferta do desporto escolar [no prolongamento horário] às escolas do 1º ciclo do ensino básico oficial tipifica este desígnio económico. As autarquias assumem as competências de organização da actividade física sem existir a garantia de condições de praticabilidade e de recursos humanos qualificados. Hoje, é perfeitamente possível “leccionar” desporto escolar num pátio de escola, num vão de escada ou numa sala exígua, orientado por monitores ou alunos “pré-licenciados”. A precariedade no emprego empurra licenciados de educação física para este tipo de cenários tornando-os coniventes com a sua própria desqualificação.

Apesar de continuar a existir a obrigatoriedade da Expressão Físico-Motora no plano curricular do 1º ciclo do EB, a possibilidade da oferta de escola de DE acaba por ter uma efeito dissuasor nos professores titulares, o que conduzirá, a breve prazo, ao afastamento desta área dos referenciais curriculares do 1º ciclo, por falta de uso.

É verdade: Já ouvi manifestações de desagrado das associações profissionais de Educação Física… só que sussurram entre dentes…; Já ouvi vozes discordantes oriundas de instituições de formação de professores de Educação Física… só que sabem a papel de música…

Atendendo a que o individualismo faz escola na escola e não é previsível que alguém se atreva a encetar uma luta particular contra este estado de coisas, pergunto se as estruturas associativas e as escolas formadoras de professores estão à espera que este governo caia de podre?

maio 01, 2007

Professor Hermínio Barreto

Hermínio Barreto é um dos nossos melhores. Quem teve o prazer de o ver em acção sabe como a pedagogia pode ser uma arte. Da minha parte não perco uma oportunidade para ver essa arte em acção quando sei o professor Hermínio vai estar, publicamente, em algum lado.
Há alguns anos que, a propósito do Basquetebol que é o seu desporto de sempre, este professor vem falando daquilo que é necessário para que os aprendizes no estádio mais inicial de aprender o jogo, o possam aprender, de uma forma acessível e adequada. De todos os ensinamentos, um, o da "dosagem da distância" consubstanciado na protecção que se deve dar ao jogador em situação de atacante com bola, parece-me ser simultâneamente o mais importante e o mais descurado na prática dos professores e dos treinadores de jovens principiantes. Quantas vezes vemos professores e treinadores a permitirem que os defesas espontaneamente inviabilizem toda a possibilidade de os atacantes com bola jogarem com o mínimo de intencionalidade. Isso parece-me ocorrer (generalizadamente e infelizmente) no ensino de todos os jogos de invasão. É algo que urge consciencializar e modificar.
A este respeito temos acesso a um texto de um nosso colega de blog, o Amândio, que é simultâneamente um reputado especialista no ensino dos desportos colectivos em geral e do Basquetebol em particular. Um excelente texto ("A Dosagem da Distância - deixe o possuidor da bola respirar para o jogo poder evoluir") este que damos aqui a conhecer a quem porventura não o conheça e que foi publicado no livro "O Basquetebol e a Pedagogia de Hermínio Barreto" da FCDEF-UP, editado pelos professores Fernando Tavares e Amândio Graça. Este texto está online no site do Electronic Sport Education Program que dá a conhecer investigações europeias sobre estas temáticas e apresenta um conjunto de produções audo-visuais muito interessantes para todos os professores de EF.
Estou em querer que não será esta a última vez que falámos neste nosso blog do professor Hermínio...