Não existirá uma tertúlia dedicada às questões do desporto e da educação física que não se tenha entretido, pelo menos uma vez, com a adequação ou falta dela da designação Educação Física.
Esta semana recebi a revista Horizonte e vi o assunto retomado pelo colega José Brás da Universidade Lusófona num artigo que intitulou “O terrorismo linguístico na Educação Física” [in: Horizonte, Vol. XXI, nº 122, pp. 37-38]. A morte da Educação Física para ser colocada em seu lugar a educação desportiva é uma medida que se quer apresentar como inovadora mas é, segundo este autor, um claro retrocesso: “O conceito de educação desportiva é mais pobre e limitado do que o de Educação Física”.
Num outro lado da contenda, Manuel Sérgio há muito que reclama o desajustamento desta designação e, muito recentemente, a Faculdade que me licenciou, a FCDEF [ex-ISEF], sofreu uma metamorfose estilística [e não só] deixando cair a Educação Física para se indexar unicamente ao Desporto.
Esta questão não se esgota numa mera operação de semântica. Há fissuras que se abrem e que envolvem questões políticas de afirmação de um determinado projecto universitário [Bolonha acicata a competição da instituição universitária], de uma identidade profissional projectada numa determinada denominação, de uma ideia de desenvolvimento para uma área social tão relevante como é a área da actividade física e desportiva.
O tempo é de ruptura, percebe-se. Para além da clarificação destas questões há que tentar perceber os efeitos deste vendaval discursivo na disciplina de Educação Física escolar.
Educação Física… até quando?
Esta semana recebi a revista Horizonte e vi o assunto retomado pelo colega José Brás da Universidade Lusófona num artigo que intitulou “O terrorismo linguístico na Educação Física” [in: Horizonte, Vol. XXI, nº 122, pp. 37-38]. A morte da Educação Física para ser colocada em seu lugar a educação desportiva é uma medida que se quer apresentar como inovadora mas é, segundo este autor, um claro retrocesso: “O conceito de educação desportiva é mais pobre e limitado do que o de Educação Física”.
Num outro lado da contenda, Manuel Sérgio há muito que reclama o desajustamento desta designação e, muito recentemente, a Faculdade que me licenciou, a FCDEF [ex-ISEF], sofreu uma metamorfose estilística [e não só] deixando cair a Educação Física para se indexar unicamente ao Desporto.
Esta questão não se esgota numa mera operação de semântica. Há fissuras que se abrem e que envolvem questões políticas de afirmação de um determinado projecto universitário [Bolonha acicata a competição da instituição universitária], de uma identidade profissional projectada numa determinada denominação, de uma ideia de desenvolvimento para uma área social tão relevante como é a área da actividade física e desportiva.
O tempo é de ruptura, percebe-se. Para além da clarificação destas questões há que tentar perceber os efeitos deste vendaval discursivo na disciplina de Educação Física escolar.
Educação Física… até quando?
7 comentários:
Sou daqueles a quem a expressão EF ainda diz muito. Acho que neste momento mexer com a questão do nome é extemporâneo. Das expressões que ao longo de várias décadas do séc. XX os inovadores em EF foram aportando para a área nenhuma pegou. Foram correntes que foram absorvidas no conceito mais geral de EF. É evidente que o conteúdo desta área mudou e que é preciso discutir esse conteúdo. Também o desporto mudou. Uma das soluções que conheço e de que gosto mais é a dos franceses que chamam à EF EPS: Education Physique et sportif.
Nesta matéria estou bastante em acordo com o José Brás.
vou voltar a comentar este post, que tu sabes que me diz muito, mas por hoje que já é tarde e que abanei no avião fico com a seguinte questão: porque é Português e não língua portuguesa?, ou matemática e não Educação Matemática?...
A alteração efectuada na antiga FCDEF é perfeitamente legítima, como me parece legítimo que, face às mudanças sociais, seja hora de reflectir se chamar a disciplina de Educação Física é suficiente, ou pelo contrário, é castradora de uma panóplia de outras missões para as quais o seu âmbito de acção e a sua característica a torna uma das melhores ferramentas ao serviço dessas novas funções junto dos jovens. Por exemplo a componente artística que aparece como uma nova oferta disciplinar(onde a dança e conhecimento corporal são pilares fundamentais) para o terceiro ciclo do ensino básico, podia e devia ser da nossa responsabilidade, acontece que não é. Podemos continuar a bater na mesma tecla assumindo o divórcio com a dança mas parece-me um erro. Outro exemplo está bem expressa na parte introdutória e nos objectivos gerais do currículo nacional da disciplina para o mesmo ciclo, onde a educação para a saúde (ou para estilos de vida activos e saudáveis) é claramente um objectivo fundamental.
Neste contexto acho que o nome pode estar a limitar, ou a relegar para segundo plano uma disciplina com uma importância fundamental no contexto do currículo escolar. Não me peçam para sugerir, confesso essa dificuldade.
O comentário do Miguel Sousa suscitou-me algumas ideias:
-a EF não está a correr o risco de incluir demasiadas missões, sendo que, no tempo limitado que tem, possivelmente não as desenvolve bem?
-não me parece que o nome Educação Física seja grande obstáculo ao desenvolvimento das suas missões principais, essas sim, no meu entender carentes de debate e definição.
A educação física é uma disciplina escolar que não pode estar à margem dos grandes problemas da escola. Vivemos um tempo marcado pela incerteza acerca do que deve ser o papel da escola e da função do professor. São requeridas cada vez mais missões à escola e ao professor e a administração escolar tudo faz para limitar a acção dos docentes de modo a controlar e garantir a implementação das suas iniciativas. É verdade que ainda existe um espaço de autodeterminação docente. É verdade que o currículo nacional não é [não sei se algum dia o será] totalmente prescritivo e, por esse facto, o professor ainda pode escolher conteúdos e adoptar os métodos que lhe pareçam mais adequados. Mas, não tardará o tempo em que o desempenho do professor será avaliado por um par, mais idoso. A casta gerontrocrática dominará o sistema educativo e antevejo alguma dificuldade em renovar as práticas e as concepções acerca do que deve ser a educação física escolar e, por maioria de razão, não creio que a educação física escolar [a designação e a concepção] sofra alguma comoção.
Caro Henrique, não tenho certezas acerca da necessidade de reflectir a mudança de nome da disciplina. Quanto às missões, bem o que acho que elas são consequência de uma escola nova e que nós, por estarmos num contexto privilegiado para o desenvolvimento de competências sociais fundamentais, não podemos deixar passar a oportunidade, só porque temos que nos agarrar a conteúdos. Tento nas minhas aulas que os conteúdos da disciplina, ou seja o desporto apareça ao serviço da aquisição das ditas competências, e aí não tenho dúvidas somos os que temos as melhores ferramentas
Amigo Miguel, estou farto de ver professores novos a se comportarem como já tivessem 64 anos e mais, são esses os que mais me irritam
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