Um problema permanente que se coloca a quem ensina e treina é o de saber se aquilo que é o conteúdo do treino e a forma como se treina é o mais adequado para a preparação da sua equipa e para o desenvolvimento dos seus jogadores. A noção de alinhamento da instrução foca precisamente esta questão e pretende dar-lhe uma resposta efectiva, através da articulação deliberadamente planeada dos resultados esperados, das situações de ensino e treino estabelecidas para alcançar aqueles resultados e dos procedimentos adoptados para avaliar todo este processo (Launder, 2001; Siedentop, 1996). No que respeita aos resultados esperados, poderemos dizer que eles serão resultados autênticos na medida em que concorram para a melhoria da performance individual e colectiva, para o desenvolvimento da capacidade de jogo dos jogadores. A ideia de alinhamento da instrução requer congruência e similaridade entre as situações de prática e as situações reais de jogo. Quanto maior a similaridade entre qualquer situação de prática e o jogo real, maior será a probabilidade das novas aprendizagens se transferirem da prática para o jogo (Launder, 2001). Muitas situações típicas do treino são colocadas em questão pela manifesta falta de alinhamento com as exigências específicas do jogo, pelo baixo teor de transferência para o jogo, pelo que constituem de desperdício para o aproveitamento do tempo de treino. É evidente que o que há de mais parecido com o jogo é outro jogo, porém o jogo completo não oferece a quantidade de exercitação necessária para desenvolver os factores de rendimento que lhe estão subjacentes, basta pensarmos na quantidade de prática necessária para desenvolver e consolidar a competência de lançamento e no número de lançamentos que um jogador terá oportunidade de realizar num jogo. Na busca da prática perfeita, do alinhamento óptimo do treino com as exigências da competição – treinar como se joga, jogar como se treina -, Launder (2001) introduz um modelo de ensino dos jogos (extensivo a outros desportos), Play Practice, que se propõe desenvolver em paralelo o sentido de jogo (as componentes estratégica e táctica) e a capacidade técnica, através da estruturação de cenários de prática com ingredientes de jogo e estreitamente alinhados com a versão completa de jogo. O play practice junta-se assim a outras propostas de renovação das práticas de ensino quer no âmbito da educação física quer no âmbito do treino de jovens.
Professor Amândio Graça
(Excerto de um texto de apoio a uma comunicação ao Congresso de Baloncesto, Cáceres, Dezembro de 2007)
janeiro 12, 2008
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1 comentário:
De facto o alinhamento da instrução é fundamental. É uma das formas sem o qual o ensino perde coerência (para os professores e principalmente para os alunos). Ao nível do ensino dos jogos, até pela sua dificuldade intrínseca, a avaliação está muitas vezes "desalinhada".
Mesmo em alguns modelos alternativos de ensino dos jogos esse alinhamento da instrução não é muito bem conseguido na minha opinião. Do que conheço, a avaliação usada pelo modelo de ensino por competência é, neste aspecto mais conseguida, alinhada e coerente do que a utilizada pelo modelo de ensino pela compreensão (TGfU).
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