junho 11, 2006

Distracção, concordância, lentidão ou esperar para ver?

Há algumas semanas, a respeito do chamado Enriquecimento Curricular no 1.º Ciclo do Ensino Básico, a EF ou a chamada Expressão Físico-motora neste nível de ensino, sofreu uma revolução conceptual. Passou de obrigatória a opcional. De dentro das 25 horas terá saltado, assim como outras expressões (a expressão nunca me pareceu feliz) para as horas de Enriquecimento. O nome também poderá ter mudado, dependendo das opções existentes.
Depois de mais de um século de afirmação legal e nominal combinada com um desprezo prático, esperemos que este desprezo legislativo-temporal possa trazer algum interesse prático. Por mim ponho muitas reservas quanto ao sucedido.
Admira-me também que os professores de EF e as suas organizações ainda não se tenham pronunciado activamente. O que se passa? É distracção, concordância, lentidão, ou esperar para ver?

8 comentários:

«« disse...

100% de acordo...agora vou ver o jogo, mas volto para colaborar no debate

Miguel Pinto disse...

Henrique, a área das expressões físico-motoras continua a ser uma área curricular disciplinar de frequência obrigatória no 1º ciclo do EB. O Despacho, que aguarda publicação em D.R. e que apresenta o programa de generalização do ensino de inglês e de outras actividades de enriquecimento curricular no 1º ciclo do EB, prevê a oferta de Actividades Físicas e Desportivas. O que podemos discutir é a capacidade de recrutamento de licenciados em Educação Física pelas entidades promotoras destas actividades, designadamente, as autarquias locais, e em que condições é que os professores desenvolvem o seu trabalho. A lei da oferta e da procura faz escola nas escolas do 1º ciclo.

henrique santos disse...

Miguel Pinto
esta questão começou por me incomodar com as declarações da Ministra da Educação, quando ela numa reunião com os conselhos executivos, me pareceu confundir conceitos e colocar esta área da educação na parte do enriquecimento curricular. Essa minha impressão continuou com um documento em tópicos que o Ministério elaborou, sobre a preparação do ano lectivo 2006/07, disponibilivel na net.
Não tenho nada contra o enriquecimento curricular. O conceito e a prática do Desporto Escolar é seu exemplo. O que me parece é que esta área, assim como outras, são atiradas fora da componente curricular obrigatória das 25 horas, relegadas para a parte opcional do enriquecimento, em nome de melhores aprendizagens fundamentais, designadamente da leitura. Eu não tenho nada contra a melhoria da aprendizagem da leitura, acho até que a área das expressões contribui imenso para que ela seja realizada.
A questão que colocas quanto à afectação de profissionais, sabendo-se de algumas práticas autárquicas, a mão-de-obra barata e precária vai proliferar.
Vou entretanto ler melhor o Despacho. Pode ser que alguma coisa se tenha alterado.

henrique santos disse...

Acabei de ler o despacho que aguarda publicação. De facto ele aclara muito mais o que eu já conhecia acerca do conceito e da prática do Enriquecimento Curricular (ER) e limita alguns dos meus receios.
Continuo com algumas dúvidas, quanto à área da EF:
-vai ser remetida para o espaço não obrigatório, opcional;
-se os professores do 1.º ciclo, até agora desvalorizavam, por variadas razões, esta e outras áreas, com a sua existência no ER, isso irá acontecer em maior medida;
-não será, por isso, ou continuará a não ser, uma área avaliada da evolução dos alunos;
-continuo a dizer que potencialmente esta medida irá desvalorizar na teoria (na prática tem sido há muito tempo) esta área.
Não deixo de apontar qualidades a estas medidas de ER, mesmo no âmbito da EF. Apontam mínimos horários de actividade física e desportiva que, a serem realmente efectivados, são positivos.

«« disse...

Caros amigos os argumento que mais se ouve para que a EF no 1º ciclo não aconteça são o da falta de instalações, que é um facto (são várias as escolas desse ciclo que não têm espaço próprio para a disciplina). Um avanço importante, a meu ver passaria por dotar essas escolas de espaços próprios para as aulas do movimento. Julgo mesmo que esta lacuna associada á questão levantada pelo professor Amândio são as causas de um analfabetismo motor dos nossos jovens que, em muitos casos, se acentua ao longo dos ciclos escolares seguintes promovendo o aparecimento de pessoas emocionalmente inactivas, por isso desmotivadas. Indo ao encontro do Miguel, acho que o que se faz na educação é o mesmo que se critica no desporto federado: colocam-se os mais bem formados a treinar os seniores e os mais jovens que se lixem. Vai daí, acho que a cambalhota no sentido certo ainda está para dar.

Unknown disse...

Caros Colegas

A EF no 1º CEB continua como área curricular obrigatória. Se a EF ocorre no 1º CEB, com que frequência, com que qualidade, com que benefícios para os alunos, se tem lugar num enorme "baldio pedagógico" inspirado num "valetudismo" cúmplice dos professores do 1º CEB e de EF é outra questão. Numa primeira fase o ME veio dar a ideia de que pretendia concentrar nas 25 H as áreas "nobres". Mas o que surge depois no despacho ministerial clarifica um pouco, até pela terminologia utilizada. Actividade Física e Desportiva ao contrário da área da Música que surge como "Ensino da Música". Modesta e ingenuamente quero acreditar que dentro do espírito das AEC no 1º CEB as AFD devem ser entendidas por nós como um acréscimo de oportunidades de prática desportiva, PARA LÁ DA EF no currículo obrigatório. Até porque existe um pormenor que faz toda a diferença. As AEC não são de frequência obrigatória por todos os alunos do 1º CEB. Entendo que devemos acentuar estrategicamente esta ideia de a AFD das AEC no 1º CEB, não substituirem a EF, antes reforçam as possibilidades de aperfeiçoamento de competências dos alunos nesta área. Agora importa é que a CLAREZA CONCEPTUAL sobre as finalidades educativas da EF no 1º CEB comece a existir em maior escala junto dos professores de EF....Mas isso são contas de outro rosário.Para mim a nossa aposta deve passar por distinguir EF e AFD, acentuando as suas possibilidades de complementaridade no benefício para os alunos do 1º CEB.
Como faço parte desta guerra da EF no 1º CEB, para quem esteja interessado aqui fica um texto publicado em devido tempo.

http://www.apagina.pt/arquivo/Artigo.asp?ID=4349

Amândio, um abraço

PS - Parabéns pela qualidade do blog

Rui Neves

henrique santos disse...

Caro Rui Neves
o que me "inspirou" o lançamento deste post foi o que eu conhecia das primeiras declarações da ministra e dum documento em tópico do Ministério da Educação sobre o lançamento do próximo ano lectivo. O conteúdo dessas duas fontes apontava para a tal concentração das áreas nobres nas 25 horas. Reconheço que o conteúdo do despacho aponta caminhos diferentes, que, bem aproveitados podem constituir-se como contributos positivos para as actividades físicas e desportivas neste nível de ensino. Como todos sabemos, há uma grande diferença entre as iniciativas legislativas e as práticas. Releva-se aqui a potencial positividade da iniciativa legislativa e continua a ser necessária atenção à forma como a EF, como área da educação obrigatória e destinada a todos os alunos será tratada.
Eu conhecia já a forma como se tem distinguido na luta por uma EF real e de qualidade neste nível de ensino, designadamente através de textos publicados. Obrigado pela sua intervenção.

Anónimo disse...

Será que hoje em dia ed.fisica é só jogar futebol e fazer corridas? é impressão minha ou isso é um pouco de imcompetência da professora? já fiz estas perguntas para ME mas até agora estou na mesma alguém me pode dizer se uma garota que tem um bruto hematoma numa perna graças ao bendito futebol e cuja prof. se fechou em "copas" e nem se quer mandou por gelo é obrigado a contnuar a jogar, copisa que ela odeia fazer. Será que hoje me dia não há mais exercicicos que se possam fazer em substituição do futebol?