fevereiro 28, 2007

Curso Tecnológico de Desporto. Que Futuro?

Os cursos tecnológicos foram lançados pelo ME em 2004. Somente o Curso Tecnológico de Desporto irá continuar para além de 2007 porque, segundo dizem, é o único que, pelo seu sucesso, merece continuar. Todos os outros serão substituídos por cursos profissionais. Contudo, são muitos os Professores de Educação Física que não acreditam neste projecto.
Embora com dúvidas, aceitei este desafio porque, de alguma forma, achei que poderia ser interessante e sobretudo bastante diferente da, até então, Formação Técnica - Desporto.
Ocorreram-me, desde o início, bastantes ideias sobre o futuro profissional destes alunos que, sendo bem aceites pelos mais incrédulos colegas de profissão, foram apelidadas de utópicas no que concerne ao verdadeiro mercado de trabalho. Tenho consciência de que sou sonhadora mas, também sei que é o sonho que me motiva porque me inspira, me move e me alimenta a alma. Parafraseando Alberto Alberoni, “façam-nos sonhar. A Humanidade sempre viveu de sonhos”. Ou se quisermos, podemos recordar o Físico/Poeta Rómulo de Carvalho (António Gedeão) “O sonho comanda a vida e sempre que um homem sonha, o mundo pula e avança”…..
Pensei que seria desejável que os funcionários das nossas instalações desportivas pudessem ter competências e conhecimentos, podendo dar outro contributo aos professores e treinadores. Gostaria de encontrar dirigentes e outros agentes desportivos com outra visão do fenómeno desportivo e outra cultura desportiva. Imaginei estes alunos, futuros técnicos de dinamização desportiva, a incentivar as nossas crianças para a prática de actividade física, fazendo a animação dos recreios das escolas do 1º ciclo. Será isto utopia? Com todo o respeito, os argumentos daqueles que consideram o Curso Tecnológico de Desporto uma falácia não me convencem, embora partilhe algumas das dúvidas e das incertezas.

Clementina Campelo

fevereiro 19, 2007

Partir a loiça ou pedra?

Um dos escritos que li nos últimos tempos que mais "tentou" abanar alguns fundamentos da actual Educação Física foi o de André Escórcio, no Jornal "A Página". Sob o título, "Provas aferidas em Ef. O ridículo de uma proposta" o autor apresentou um conjunto de críticas ácidas aos programas de EF, às práticas da disciplina e aos actores institucionais de primeiro plano.
Embora não partilhe de grande parte das opiniões do colega andré Escórcio, principalmente no que concerne à terapêutica por ele apresentada, acho que ele toca em questões importantes que precisam ser repensadas na teoria e prática da Educação Física.
Proponho-vos a leitura do artigo e um posterior debate a partir dele. que acham?

fevereiro 13, 2007

Educação Física – Recursos Educativos na Net

Olá a todos.
O post do Henrique levou-me a lançar-vos um desafio associado a um pedido de colaboração.
Na minha escola está a ser dinamizado um espaço virtual - plataforma moodle, no qual foi criada, entre outras, a “disciplina” da Educação Física.
Nesse espaço pretende-se disponibilizar, para toda a comunidade educativa, informação útil bem como o acesso a diferentes recursos e actividades educativas.
O meu pedido de colaboração vai no sentido de vos solicitar que deixem aqui ficar o registo de sites, preferencialmente em língua portuguesa, com recursos e actividades disponibilizadas na Net no âmbito da Educação Física: WebQuests, Caça ao Tesouro, Testes “Hot Potatoes”, recursos multimédia on-line, ambientes virtuais, livros virtuais…
A ideia é que cada um de nós partilhe com os outros aquilo que conhece (ou que entretanto descobre) para que todos tenhamos acesso a esses recursos.
Alinham?

Alguns exemplos:
Artes Marciais no Japão - Uma Aventura na Web
Jogos Olímpicos
Voleibol - Caça ao Tesouro
Voleibol - Palavras cruzadas
Referências didácticas na WEB - Livro Virtual do Centro de Competências Entre Mar e Serra.

fevereiro 11, 2007

Lecturas: EFDeportes

O site online Lecturas Educación Física e Deporte, iniciado e dinamizado, faz anos, pelo professor de EF argentino Tulio Guterman é um marco na EF internacional. Com artigos publicados em língua hispânica e também portuguesa, constitui já um acervo imenso, rico e variado para todos aqueles que se interessam pela EF e o Desporto nos seus vários aspectos. É, em suma, um site incontornável para todos os profissionais destes sectores.
Recentemente lançaram também a publicação de videos online. Hoje venho recomendar um destes: "Qué es la Educación Física? Una mirada desde la história" da professora argentina Angela Eisenstein. Para quem, eventualmente, não conheça este site, penso ser esta uma entrada muito interessante para começar a explorá-lo.
Por último queria salientar uma outra faceta deste site, a realçar nestes tempos de consumismo e de comercialismo: este é um projecto onde a difusão "desinteressada" do conhecimento assume uma dimensão particularmente gratificante.

fevereiro 06, 2007

debatendo...

Culpando a necessidade de argumentar o estudo que iniciei e, quiçá, amplia-lo a outras partes e escolas da região, fui desafiado a justificá-lo perante determinadas entidades. Tinha dois caminhos (pelo menos) possíveis: a) vestia o fato de um qualquer vendedor e tentava cativa-los a apoiarem o projecto; b) seria honesto comigo mesmo e explicava-lhes as minhas crenças acerca do desporto em geral e por inerência da Educação Física. Acredito no último caminho e vou tentar, ainda que resumidamente, colocá-lo, (a crença principal) aqui a debate que espero possa dar alguns frutos.

O ponto de partida é simples: Para que serve o desporto? Porque é que ele deve ser apoiado pelo Estado?

O valor intrínseco do desporto é relativo (ponto final). Só o considero importante porque mais do que tratar do corpo, trata do Homem e da Mulher e do seu desenvolvimento integral.

O desporto espectáculo existe é importante mas deve ser tratado pela iniciativa privada. Caros amigos, não fui eu que inventei o mercado livre….

A importância do apoio estatal do desporto em geral e da EF em particular passa pela crença da sua utilidade para o Homem e para a Mulher no que concerne às várias vertentes, sejam elas no sentido do incremento de estilos de vida saudáveis, no sentido antropológico e estético do corpo (muito em voga no Brasil), no sentido de ser uma ferramenta útil para desenvolver competências pessoais e sociais no indivíduo, ou ainda qualquer outro sentido que acrescente uma mais valia ao desenvolvimento humano. Se retirarmos todos esses sentidos provavelmente não resta mais nada ao desporto – a não ser que se olhe para ele por uma perspectiva “socialista-soviética” com o objectivo de nacionalizar a indústria do desporto espectáculo.

Não sei se corro o riso de haver quem me interprete como uma tentativa de esvaziar o desporto e a EF da sua importância, pelo contrário sinto e encontro apoios na literatura que vão nesse sentido. Resta-me vos dizer que é com base nesta crença que vou defender a utilidade do meu trabalho, é com base nesta crença que quero ser mais e melhor professor de Educação Física. É com base nesta crença que, como pai, tento incentivar a prática desportiva nos meus filhos.

fevereiro 05, 2007

"Apartletismo"

"Nas últimas décadas, a elite mundial descobriu os benefícios que as longas caminhadas podem trazer para a saúde. A identidade de riqueza com o sedentarismo diário foi substituída pela cultura do cooper, do jogging, das maratonas que empolgam os ricos jovens ou de meia-idade protegida pelas técnicas médicas. Ao mesmo tempo, o tamanho das megalópoles e a crise de modernidade forçaram milhões de pobres a optar pelas caminhadas como a única forma de se deslocarem dentro das cidades, uma vez que não dispõem de recursos para o pagamento do transporte colectivo. A apartação faz com que, no século XXI, em muitas cidades, na mesma hora, caminhem ricos na sua ginástica diária e pobres que se dirigem ao trabalho. Fazem o mesmo gesto, no mesmo momento, mas um sistema social apartado separa uns de outros, num apartletismo. O sonho de que a modernidade seria o fim do deslocamento a pé para todos foi substituída pela prática do desporto matutino pelos incluidos e pela marcha forçada de quilómetros pelos excluídos."
Apartação é uma espécie de Apartheid social.
In "Admirável Mundo Actual. Dicionário pessoal dos horrores e das esperanças do mundo globalizado" de Cristovam Buarque. Edições Terramar.