junho 15, 2007

Ensino do jogo

Com a publicação do livro "O ensino dos jogos desportivos" em 1994, o Centro de Estudos dos Jogos Desportivos (CEJD) da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto deu voz a um movimento de renovação das ideias e das práticas de ensino dos jogos desportivos colectivos iniciado no âmbito das didácticas e das metodologias especificas das respectivas modalidades desportivas, o basquetebol, o futebol, o voleibol e o andebol. A ambição era então, tal como hoje, colocarmo-nos na linha da frente do esforço de reconceptualização e de investigação do ensino dos jogos, acompanhar as correntes mais avançadas e, sobretudo, influenciar as práticas de ensino nas escolas e nos clubes desportivos.

A nível internacional, o Modelo de Ensino de Jogos para a Compreensão (Teaching Games for Understanding – TGfU) constituiu-se como uma poderosa força de influência e um fórum de debate e de pesquisa sobre os programas, os propósitos, os conteúdos e os processos de ensino e os problemas de aprendizagem dos jogos desportivos, realizando sob seu lema uma conferência internacional, cuja quarta edição será organizada no próximo ano pela Universidade de British Columbia em Vancouver.

Outra referência capital para o movimento de reforma do ensino dos jogos é o modelo de educação desportiva, concebido por Siedentop, cuja aplicação tem sido também investigada em diferentes contextos de ensino. Em ambos os modelos, as linhas de ruptura com as abordagens mais tradicionais situam-se não apenas ao nível dos conteúdos a privilegiar, mas também ao nível dos métodos e estratégias de instrução, ao nível da configuração dos papéis e responsabilidades de quem ensina e quem aprende e ao nível dos contextos e cenários de aprendizagem. Evitando a cristalização destes modelos, a investigação tem procurado desenvolvê-los e refiná-los, assim como tem ensaiado modelos híbridos, adaptados às especificidades culturais e sociais de diferentes países.

Para além destes modelos curriculares que emergem e se desenvolvem no seio da comunidade académica através dos ensaios, da crítica e da investigação empírica, temos as concepções pessoais e as práticas de ensino dos jogos que os professores e treinadores desenvolvem a partir das perspectivas que filtram dos modelos curriculares formais, das diferentes tradições de ensino dos jogos, e das soluções que constroem a partir da sua experiência. A aproximação entre os modelos curriculares formais e os modelos pessoais de ensino dos jogos reclama a aproximação, o diálogo e o conhecimento mútuo das perspectivas de quem está primordialmente interessado em estudar o ensino do jogo e quem tem a incumbência de efectivamente o ensinar. A investigação das práticas de ensino dos jogos, indagando os propósitos e os valores subjacentes, a natureza e arranjo e os contextos sociais das actividades e tarefas de aprendizagem, de treino e de competição, as concepções, os papéis e as avaliações dos diferentes intervenientes no processo de ensino e aprendizagem, pode gerar conhecimento de grande relevância para a melhoria do ensino e para uma melhor compreensão do potencial educativo dos jogos desportivos.

Amândio Graça

PS: resumo da conferência a apresentar ao I Congresso Internacional dos Jogos Desportivos, Faculdade de Desporto, Universidade do Porto, 12 a 14 de Julho de 2007

http://www.fade.up.pt/congressojd/

7 comentários:

henrique santos disse...

A publicação do livro do centro de estudos dos jogos desportivos foi uma iniciativa com conteúdo extremo interesse. Merecia ter como desenvolvimento estudos práticos nas escolas, onde se confirmassem e desenvolvessem as propostas aparecidas então. É que os professores não podem ser, não devem ser, meros aplicadores de receitas pedagógicas. E por vezes alguns escritos podem ser lidos pelos professores como as tais receitas a aplicar.

Amândio Graça disse...

Está mais que na hora de nós estudarmos e darmos visibilidade aos ensaios práticos de aplicação de modelos de ensino dos jogos alternativos ao tradicional ensino das habilidades isoladas e do jogo completo. As propostas que fizemos, já lá vão uns anos e outras mais recentes carecem de experimentação, adaptação e enriquecimento no terreno da prática. Nessa medida elas não são mais que um desafio para pensar e renovar as práticas de ensino dos jogos.

Miguel Pinto disse...

Estou de acordo com a necessidade de estudar o modo como se (des) constroem as alternativas ao tradicional ensino das "habilidades isoladas e do jogo completo". Seria interessante perceber como é que se aplicam os novos modelos de ensino em cursos profissionais cuja carga horária semanal é de 90 minutos (2x45’ ou 1x90’)

Tristechado disse...

Boas pessoal... soube do blog através de uma amigo e estou a adorar... como vocês, também eu concordo com a discussão do desporto em geral e da ed. fisica em particular "fora do café" mas sim na "mesa de trabalho" por forma a apresentarmos todos nós hipóteses, problemas e soluções...

Abraços e Saudações desportivas a todos

Educação física e cultura disse...

Olá para todos.
Eu gostaria muito de adquirir esse livro "O ensino de jogos desportivos". Gostaria que vocês me informassem como é possível fazer isso. Se vocês me ajudassem a arrumar uma cópia já seria valido.
Obrigado pela compreensão.

Anónimo disse...

Meus caros,
Sou George Marques de Fortaleza, Ceará, Brasil estou precisando do O ensino dos jogos desportivos, alguém pode ajudar?

Anónimo disse...

Garcez e George
Se pretendem o livro sugiro que entrem em contacto com a Faculdade de DEsporto da Universidade do Porto. A editora desse livro é o Centro de Estudos dos Jogos Desportivos da própria faculdade.