novembro 13, 2007

Problemas identificados

Há alguns problemas relacionados com a educação física na UE:
  • Orientação geral da educação física: os curricula existentes não proporcionam muitas vezes experiências pertinentes a nível pessoal e social e são contrários às tendências sociais e às tendências nas actividades extracurriculares: há uma orientação para programas de actividades ligadas ao desempenho e à competitividade. Se se quiser que a educação física se torne um instrumento para combater eficazmente a obesidade e o excesso de peso das crianças, é necessário promover elementos curriculares que atraiam todos os grupos de alunos. Com os jogos de computador a ganhar terreno como passatempo preferido das crianças, há uma necessidade cada vez maior de promover um estilo de vida activo e saudável entre as crianças e os jovens. Para estes grupos de jovens, o conteúdo tradicional da educação física tem pouca relevância para o seu estilo de vida.
  • A educação física corre o risco de ser cada vez mais marginalizada na escola. Nos últimos anos, o tempo atribuído à educação física em toda a UE diminuiu gradualmente: desde 2002, o tempo concedido foi reduzido de 121 para 109 minutos por semana para a escola primária, e de 117 para 101 minutos para a escola secundária - Os estudos realizados recomendam que as crianças e os adolescentes pratiquem diariamente algum tipo de exercício físico durante 60 minutos! Há indícios de que o que se anuncia oficialmente no que respeita à actividade física praticada nas escolas não corresponde à realidade no terreno, dado que a prática não respeita as obrigações ou expectativas legais. É necessário um controlo efectivo!
  • Ligado à questão acima referida, encontra-se o insuficiente financiamento das instalações desportivas; um financiamento inadequado das instalações, do equipamento e da sua manutenção e material de ensino encontra-se particularmente espalhado na Europa Central, Oriental e Meridional; os alunos com deficiências sofrem ainda mais as consequências desta falta de apoio financeiro.
  • É necessário olhar mais de perto os curricula dos professores de educação física a fim de apoiar a formação e a educação de professores de qualidade. É necessário que haja professores competentes e fiáveis que sejam capazes de conceber aulas de educação física que respondam às questões de saúde e que incentivem todas as crianças a participar. Uma educação física eficaz e bem sucedida exige professores especializados com uma boa formação.
  • Existe um fosso entre a edução física em actividades curriculares e nas actividades extracurriculares e paracurriculares. A ligação entre actividades curriculares e extracurriculares poderia ser reforçada.
  • Inclusão: as minorias étnicas têm taxas de participação em actividades desportivas especialmente baixas. O problema da participação já é preocupante durante o período escolar: as raparigas muçulmanas são um grupo especialmente sensível neste contexto. Um padrão semelhante de acesso restrito é evidente entre os jovens deficientes. Os jovens com deficiência têm muito menos probabilidades de participar em actividades desportivas extracurriculares ou paraescolares.
  • Não há ainda dados empíricos suficientes em muitos domínios relacionados com o desporto, a educação física e os seus efeitos na evolução social e sanitária.
Estas observações constituem a base das recomendações que o relator sugere no seu relatório no que respeita a medidas a tomar pelos organismos responsáveis, quer a nível europeu, quer a nível dos Estados-Membros, a fim de melhorar o papel do desporto na educação. (In: Relatório sobre o papel do desporto na educação, PE)

4 comentários:

Susana Marques disse...

O cenário que este documento cria faz-nos sonhar... não sei se demora a chegar cá, se fica pelo caminho.... mas a intenção é clara! Claro que esbarra com vários problemas, como por exemplo, a falta de instalações (que têm que ser criadas!) mas abre caminho para a possibilidade de parcerias com a comunidade: casos a pensar!

3 aulas por semana? arranjam-se já: é só dividir os blocos de 90 minutos ao meio e até arranjamos 4 aulas por semana! (Espero que o bom senso não o permita!)

Agradar mais a todos? não é assim tão difícil, e é uma questão de igualdade de oportunidades! ... mas é necesário investir em formação de professores. É que já não é a 1ª vez que ouço queixas de raparigas contra todo um percurso escolar em que os interesses dos rapazes estão sistemáticamente a ser privilegiados com abordagens mais prolongadas ao nível dos JDC, por exemplo e discriminatórias das danças, actividades rítmicas, entre outras.

Anónimo disse...

“A separação e a marginalização também podem ser feitos no desporto.”
Sem dúvida, infelizmente…

As actividades desportivas fora da escola farão bem às nossas crianças e jovens?

Nos clubes desportivos, genericamente, os objectivos primordiais a atingir são vitórias que enriquecerão os curricula de treinadores e dos próprios clubes. Os atletas serão pouco mais que a matéria prima para atingir tais objectivos.
As crianças obesas e as que têm maiores dificuldades motoras, logo, os que mais beneficiariam com a prática desportiva, têm naturalmente pouca apetência para a prática desportiva, mas têm também grandes dificuldades em serem bem integrados num grupo desportivo extra-escolar.
Os atletas crianças são levados a treinar intensamente a mesma actividade desportiva numa fase precoce do seu desenvolvimento, altura em que estaria indicado experiências motoras mais diversificadas. Os atletas dedicam-se excessivamente ao desporto que praticam, não havendo espaço para a prática de outros desportos e actividades, nomeadamente de índole cultural, que os enriqueceriam nesta fase.
Mais tarde, numa altura sensível da adolescência, pelos 14-16 anos, os atletas começam a ser seleccionados:
Os menos aptos sentem que não têm lugar na equipa e abandonam-na voluntariamente ou serão mesmo convidados a sair. Isto, depois de terem dedicado àquela actividade uma proporção significativa dos seus anos de vida e no clube se encontrarem ainda o seu núcleo de amigos. Já não é altura de iniciar nova actividade desportiva, já estão a sair da idade “de formação”… mas o que vai ser deles? Como preencherão o vazio que o desporto lhes deixou? Continuarão a gostar de desporto? O desporto foi bom para eles?
Os mais aptos sentem que são já ou poderão vir a ser campeões. Investem cada vez mais no desporto, negligenciando actividades escolares ou outras….negligenciando também a correcta recuperação de lesões. Destes, muito poucos serão de facto campeões… quando o perceberem, como se sentirão? Como reorganizarão a sua vida? Continuarão a gostar de desporto? As sequelas das lesões permitirão que continuem a praticar desporto?
Quanto aos verdadeiros campeões: Venceram, terão encontrado uma forma de realização importante, mas o que praticam é desporto ou espectáculo? O que estão a fazer à sua saúde? O desporto de alta competição não é nada saudável…

Por isso volto a perguntar:

As actividades desportivas fora da escola farão bem às nossas crianças e jovens?

henrique santos disse...

a disse
Há actividades desportivas fora da escola que de facto, pela forma como são realizadas deixam a desejar ou são mesmo lesivas para as crianças e jovens. O mesmo no entanto pode acontecer e acontece dentro das escolas. Os fenómenos por si apontados são de facto muito negativos.
Já dentro da escola os problemas muitas vezes são de diferente natureza: há pouco desporto dentro das escolas. Essa é a minha percepção geral.

Anónimo disse...

Há 25 anos havia desporto escolar. Podíamos, sem sair da escola, praticar gratuitamente vários desportos. Treinávamos depois das aulas ao fim da tarde e tínhamos torneios de âmbito nacional fantásticos onde nos divertíamos muito... a vitória era o que menos interessava mas praticávamos desporto com prazer...
Para além disso, os campos das escolas estavam disponíveis para jogarmos sempre que o desejássemos e era lá que ocupávamos grande parte das horas vagas.
Actualmente ...não me parece que exista desporto escolar. É proibido levar bola para a escola e ocupar os campos de jogos quando estão todos às moscas é um crime...
Quando devíamos progredir, andamos para trás...