março 06, 2007

Voltando ao artigo de André Escórcio

O texto de Escórcio leva-nos para uma reflexão que urge fazer e que de certa maneira venho defendendo. Nem vou ligar muito à questão das provas aferidas, ao contrário dele é assunto que não me motiva pelo absurdo da ideia. Acho que a Educação Física deve ser aferida mas não pelo conteúdo da disciplina, mas sim pelas mudanças comportamentais que pode e deve ser capaz de produzir, materializadas em trabalho de cariz prático (em minha opinião este é um desafio que se devia agarrar).

Mas outra reflexão colocada por Escórcio e com a qual discordo frontalmente é a dialéctica professor generalista/especialista. Confesso que acredito no valor da EF como mola impulsionadora de novos hábitos que conduzam a uma melhoria nas competências pessoais e sociais do adolescente em direcção à adultícia que se quer participativa, activa, solidária e saudável. O desporto dentro da EF pode e deve promover essas competências, caso contrário nem o desporto serve para nada, nem a EF faz o seu papel. Vai daí acredito no professor generalista no que se refere aos conteúdos desportivos a abordar e especialista na procura de estratégias para que o desporto possa e deva fazer o seu papel em direcção de desenvolver competências pessoais e sociais.

O outro desporto, aquele que está associado à vertente espectáculo e/ou profissional, pode e deve ser explorado na escola num contexto da formação específica, ou seja, ou se entrega à iniciativa privada os que querem evoluir para se tornarem artistas profissionais, ou se dá, legitimamente, a possibilidade de formação específica para quem, quiser continuar os seus estudos na área do desporto. Por outras palavras, quer ser atleta profissional vai para o clube, quer seguir estudos na área desportiva, vai para as opções ou tecnológicos, ou o que quiserem chamar de desporto, mas que não se confundam esses objectivos com os da EF.

Voltando ao texto de Escórcio duas outras questões merecem reflexão: a fraude na avaliação e a guerra entre lobbies.

De facto a avaliação corre o risco de ser uma fraude derivado ao fundamentalismo dos lobbies o da EF e o da Educação Desportiva. Há muito tempo que suspeito ser esta uma guerra tipo Norte/Sul ou Lisboa/Porto. O facto de ser ilhéu vejo que estas guerras só existem porque ambos querem ter a hegemonia, não porque querem colaborar para criar um país mais justo e homogéneo. Vai daí apelar que se discuta a EF e o Desporto sobre uma perspectiva humanista sem cair no exagero do fundamentalismo pedagógico que o há, nem nos deixarmos enredar pelo bichinho neoliberal que, me desculpe o Amigo Escórcio acho estar a influenciá-lo.

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