novembro 13, 2007

Riscos...

De tempos a tempos, numas e noutras escolas, mesmo em contextos sociais diversos, surgem umas ondas de preocupação com os acidentes na escola.
Jogar à bola, uma actividade que fez parte das brincadeiras de várias gerações anteriores à nossa, e que por enquanto ainda integra a ocupação dos tempos livres espontânea de uma parte dos nossos jovens, parece ser objecto de uma preocupação, na minha opinião, desajustada.

Já não bastam as limitações impostas, em termos de espaços disponíveis para brincar, nas ruas das cidades actuais, que por razões de segurança e não só, já não são uma opção, agora parece que nem na escola as crianças e os jovens podem alternar com alguma actividade física a longa inércia a que são submetidos na sua pesada carga horária semanal composta quase exclusivamente por trabalho sedentário, no qual, estar “calado” e “quieto” é sinónimo de bom comportamento. Se isto não é trabalho infantil …

Aqui que eles não nos ouvem, não é de admirar que não estudem muito fora das aulas ou que se “portem mal”, como frequentemente são acusados: não sei se nós, adultos, nos portaríamos melhor num esquema de trabalho semelhante… a ver por algumas reuniões de adultos…

Mas voltando ao assunto que aqui me trouxe…
Tudo na vida contém riscos, desde o atravessar a rua ao ficar em casa! Já vi dentes partidos pelas mais variadas razões… até por tropeçar num espaço plano!
Lembro-me de um filme em que o personagem principal, sendo mediador de seguros, enumerava em cada momento da sua vida as percentagens de risco associadas a cada gesto: andar na rua passando por cima das tampas de saneamento, comer amendoins da mesma taça de outras pessoas, comer bolo de aniversário, andar de elevador, andar de bicicleta, etc.

Também não me parece sensato negligenciar determinados riscos perfeitamente evitáveis, como andar de carro sem cadeira adequada, no caso das crianças, ou andar de bicicleta sem capacete… Eu própria também andei de bicicleta sem capacete, porque não era costume ou não havia tal chamada de atenção, na época, mas adiro sem relutância a esta medida preventiva de determinadas consequências de um acidente,… embora não proteja de todos os riscos possíveis, claro!

Quando vou buscar o meu filho ao infantário e ele aparece com a roupa toda suja e as unhas cheias de terra ou riscos de canetas, eu tenho a certeza de que brincou e se divertiu. O contrário já não me dá tais garantias!... Claro que preferia que não se magoasse, mas prefiro que brinque! Nada substitui as aprendizagens e as vivências proporcionadas pela actividade física que a brincadeira encerra.

A joelhada, a cabeçada e a esfoladela são riscos provenientes da prática de actividades físicas em que existe contacto, como o Futebol, mas não podemos ter a veleidade de pensar que tais actividades detenham a exclusividade destes riscos.

Aliás, tendo em conta os estilos de vida prevalecentes, hoje em dia, não posso deixar de pensar que os riscos inerentes à sua inactividade física serão bem maiores. Seguramente, os riscos de ver televisão a mais também não serão de negligenciar.

Claro está que a Educação Física vem logo à baila e daí a ser considerada uma actividade perigosa é um instante. E então para atribuir culpas à negligência dos respectivos professores, nem se fala.
Mas de uma coisa não tenho dúvidas: quanto menores forem as vivências motoras anteriores, maior será o risco de um aluno se vir a magoar.

2 comentários:

Miguel Pinto disse...

O que vem à baila, Susana, é a próxima entrada: o relatório sobre o papel do desporto na educação e a proposta de resolução do parlamento europeu que "Exorta os Estados-Membros a tornarem obrigatória a educação física no ensino primário e secundário e a aceitarem o princípio de que o horário escolar inclua, pelo menos, três aulas de educação física por semana, embora as escolas devam, na medida do possível, ser incentivadas a ultrapassar este objectivo mínimo".

E esta?

narahelo disse...

que coisa não???
concordo com sua conclusão suzana....se um indivídua não tiver práticas,desenvolvimento e viv~ências motaras desde ainfância, aí sim ele é que sofrerá maiores riscos no futuro......em qualquer situação de perigo a habilidade e capicidade de mmovimentos mas rápidos por exemplo podem evtar uma queda por exemplo...