setembro 11, 2007

Não desistam. Tenham coragem.

Neste início de ano lectivo gostaria de partilhar as minhas preocupações face a alguns comportamentos que se têm vindo a registar na relação educativa, quer no seio da família quer no ambiente escolar – a indisciplina e a agressividade. Não posso estar mais de acordo com uma grande parte dos psicólogos e sociólogos que têm efectuado estudos e aprofundado este tipo de questões. Tem-se assistido a uma tremenda confusão de conceitos. A disciplina e os afectos não podem ser interpretados, nem pelos pais nem pelos professores, como sendo sinónimos de permissividade, passividade e facilitismo.
Educar é mostrar o caminho estabelecendo limites e exercendo a autoridade sem receios. É imprescindível dizer não quando é preciso. Às vezes é extremamente difícil mas é vital.
A autoridade conquista-se sempre que mantemos com os nossos filhos ou com os nossos alunos vínculos emocionais e afectivos partilhando, de forma honesta e justa, as nossas angústias e as nossas alegrias. É urgente humanizar os nossos jovens fazendo com que controlem a sua agressividade, sejam mais solidários e desenvolvam interesses, tornando-se mais interventivos e críticos.
Os jovens são naturalmente inseguros e, certamente, não são as atitudes de facilitismo, irresponsabilidade, impunidade, permissividade e descomprometimento que fazem deles indivíduos íntegros, motivados, emocionalmente estáveis e bem sucedidos.
Todos sabemos que não há receitas milagrosas mas, a verdade é que os padrões educativos, os critérios, a afectividade e o respeito pelas normas, estabelecidos e enraizados, desde o 1º dia, parecem resultar positivamente e contribuir para uma felicidade maior dos nossos jovens. Os adolescentes precisam de regras para se sentirem seguros. Estas podem funcionar como um estímulo desde que sejamos consistentes, consequentes e firmes no seu cumprimento. Vale a pena tentar, sobretudo se pensarmos naqueles jovens a quem só a Escola ousa dizer-lhes NÃO. Em casa ninguém lhes coloca limites, obrigações e regras. Ninguém se atreve a contrariá-los!!!
Poderão os professores ajudar os pais nesta missão?
Com todas as dificuldades e dúvidas não resisto em deixar um apelo a todos os educadores – Não deixem nem queiram ser apelidados de: “Educadores paralisados”; “prostitutos do afecto”; “frouxos”; “marionetas”, “ansiosos permissivos”; Srs Sim, Sim.
Vamos encarar os problemas de frente e, como diz Javier Urra, sejamos realmente Pais/Professores, o que é diferente de termos Filhos/Alunos.

Talvez valha a pena pensar nisto!!!

Clementina Campelo

4 comentários:

«« disse...

Bem escrito, o problema é arranjar motivação para continuar a ser assim. Ainda hoje entrei na escola que o desanimo dos últimos tempos motivado pela humilhação sofrida, cheguei perto dos meus alunos e transformei-me, tornei-me alegre e contagiante...os alunos adorar aram, quando voltei a estar só fiquei fulo comigo possível....confesso que julgo não ser possível vencer e mudar as injustiças quando colaboramos com o sistema, os alunos ganharam a curto prazo, mas a longo prazo, já não sei...

o texto é belíssimo, não podia estar mais de acordo

Alexandre disse...

Gostei do texto!
Acho que encontramos a motivação certa para a nossa profissão quando voltarmos atrás no tempo, até ao primeiro dia em que começamos a dar aulas. Aí vamos encontrar os sentimentos que actualmente se desvanecem!

http://educacaomovimento.blogspot.com/

Apareçam.
Divulguem.
Comentem.

Amândio Graça disse...

Sim Clementina, é preciso ter coragem para dizer não. Isto é um não para parar, para não contemporizar com tudo aquilo que é inaceitável em termos de comportamentos e atitudes no espaço da escola ou da aula.
Mas mais difícil é fazer valer o sim que se deve seguir a esse não. O sim do que deve ser feito. O sim que deve preencher o lugar do que não deve ser feito. O sim que nos justifica na escola. Portanto, esse não que é absolutamente indispensável é a meu ver o princípio do sim, o sinal de parar, mas para mudar de rumo e não simplesmente reter ou excluir.

Anónimo disse...

http://desportoemcontraste.blogspot.com/2006/05/propsito-do-que-e-do-que-deveria-ser.html