janeiro 02, 2007

Educação Física em debate...

Quis trazer a este espaço, pela segunda vez, o debate que está a dinamizado pelo Grupo de Avaliação e Acompanhamento da Implementação da Reforma do Ensino Secundário.
Seleccionei apenas as intervenções que tiveram a Educação Física como pano de fundo.
Aqui - http://desportoemcontraste.blogspot.com/2006/05/1-olhar.html já dissemos muito sobre o assunto, mas, haverá algo mais a acrescentar?

Debate:
por Francisco Mendes Nunes - Friday, 3 March 2006, 12:19
Gostaria que alguém me esclarecesse, fundamentadamente, se a classificação na disciplina de Educação Física é considerada na média final de acesso ao ensino superior na Nova Reforma do Ensino Secundário.
E, em caso afirmativo, se tal disparate resulta de um qualquer descuido de quem decide ou se pelo contrário é intencional.

Re: Educação Física
por Maria Alberta Fitas - Saturday, 4 March 2006, 19:03
Boa tarde. A disciplina entra de facto na média do ensino secundário para acesso à universidade, de acordo com o 74/2004. Face ao que se conhece da prática levada a cabo na generalidade das escolas é mais uma aberração. Considero a disciplina muito importante, tanto quanto as outras, mas já há tantos problemas ( disparidade de critérios, falta de condições,etc.) com as restantes disciplinas para quê mais um? Não é por aí que adquire mais credibilidade.

Re: Educação Física
por Bruno Pereira - Saturday, 4 March 2006, 21:47
Penso que a situação não é tão clara.
A excepção de EF no cálculo da classificação final do ensino secundário para efeitos de acesso foi introduzida pelo Despacho n.º 30/SEED/95.
Este diploma determina que, transitoriamente e enquanto o sistema educativo não garantir a todos os alunos do ensino secundário a frequência da disciplina de Educação Física, a classificação final obtida nessa disciplina não seja considerada no cálculo da classificação final do ensino secundário para efeitos de candidatura ao ensino superior.
A manutenção deste pressuposto é discutível e o DL 74/2004 não revogou o referido Despacho, apesar de ter um vasco elenco de diplomas e disposições revagadas.
Para além disto, não seria o Decreto-Lei que fixa a reorganização curricular a determinar a alteração no que toca ao acesso ao ensino superior, uma vez que são matérias distintas, reguladas por diplomas diferentes.
Contudo, tudo parece apontar no sentido de EF entrar no cálculo para efeitos de acesso, apesar de não existir ainda "concretização legislativa". Mas, também, falta ainda um ano para os alunos em causa apresentarem candidatura ao ensino superior.

Re: Educação Física
por Francisco Mendes Nunes - Monday, 6 March 2006, 10:22
É certo que ainda falta mais de um ano para que os alunos em causa apresentem a sua candidatura. Não se pode é ficar à espera que tal aconteça, ou seja, esperar para ver.
É que pode muito bem acontecer-nos o mesmo que aconteceu àquela conhecida nêspera que, em cima de uma mesa, esperou... esperou... para ver o que acontecia.
Sabe-se hoje que foi comida.

Re: Educação Física ....II
por monteiro ana - Saturday, 4 March 2006, 21:25
Concordo, não poderia haver disparate maior. Imagine-se que um aluno não consegue fazer o pino... arrisca-se a ter 18 a Matemática e um 9 ou 10 a educação física. E já agora, quando for para um curso de engenharia que tipo de pino vai fazer? Nossa Senhora, como vai este país! Alguém me responda, por favor e me diga, se os alunos neste ano, 12º , ainda podem concorrer descansados sem essa disciplina... se assim não for, nao sei como vai ser...

Re: Educação Física ....II
por Luís Almeida - Thursday, 9 March 2006, 23:05
Pois! É politicamente correcto falar da importância da Educação Física. Mas quanto a conceder-lhe estatuto igual ao das outras disciplinas, a coisa já pia mais fino.
Habituem-se e trabalhem. A Educação Física não é passatempo. Tem (felizmente) um programa nacional, baseado em competências, que é só o mais bem elaborado de todo o currículo. Está previsto para funcionar em regime de opções nos 11º e 12º anos, e não é por não saber fazer um pino que o aluno terá 8 ou 9 valores. Fiquem a saber que um aluno português que se queira matricular em medicina em Espanha, tem igualmente que contar com esta disciplina, o que tem sido surpreendente para muitos.
Trabalhem e esforcem-se!

Re: Educação Física ....II
por Francisco Mendes Nunes - Friday, 10 March 2006, 11:35
Não se trata de habituação ou de trabalho - certamente todos os demais participantes neste forum dispensarão, como eu, tão profundamente imerecidos e injustos convites.
É que a igualdade de estatuto que defende para a Educação Física, e com a qual concordo, requer exactamente um tratamento diferente em face das suas diferentes características.
Concerteza não concordará que se privem excelentes alunos de aceder a qualquer dos cursos que exigem médias mais elevadas e de virem a ser os profissionais que desejam e de que o país precisa ( no caso da Medicina encontramo-nos já a recrutar profissionais no exterior dada a nossa incapacidade de os formar) só porque devido à sua compleição, habilidade ou apetência físicas não conseguem, NÃO OBSTANTE O SEU TRABALHO, ESFORÇO, DEDICAÇÃO E EMPENHO, atingir classificações que o permitam.
E assim sr. prof. Luis Almeida ( presumo que o seja), não confunda a minha/nossa preocupação com a Educação Física com menosprezo ou subalternização da sua importância.
Seja como for grato lhe ficaria se me pudesse elucidar um pouco mais sobre o regime de opções a que se refere.

Re: Educação Física ....III
por monteiro ana - Friday, 10 March 2006, 13:31
Estou inteiramente de acordo com o colega Francisco Nunes e gostaria de acrescentar que o exemplo do "pino" é isso mesmo - um exemplo. De facto que dizer das escolas onde a prática da educação física é quase inexistente e que dizer daqueles alunos que optam por entregar declarações médicas inibindo essa prática? E já agora, por que é tantos alunos se magoam durante as aulas de educação física? Não duvido da importância da educação física, duvido sim da pertinência dessa disciplina para a nota de candidatura.

Re: Educação Física ....II
por Maria Alberta Fitas - Friday, 10 March 2006, 17:43
Boa tarde."Trabalhem e esforcem-se!" Fica sempre bem quando é dirigido aos outros.Por acaso um aluno que pretenda seguir medicina, em Espanha, terá que obter média de 18,... ou 15,... chegar-lhe-á? E que dizer do Inglês que os nossos estudantes vão dominando( apesar dos aberrantes programas que fazem dos jovens anoréticos, toxicodependentes e conquistadores diários do Espaço) e em Espanha ou em França, como tenho conhecimento directo, não se dignam sequer a cumprimentar alguém noutra língua?E que tal se verificassemos a organização em que espanhóis ou outros povos trabalham?Já se apercebeu do que se está a viver nas escolas com as matrículas para os exames do ensino secundário? Que dizer do sistema de ensino português, que tudo pretende melhorar e cada vez mais desorientados andamos?Trabalhemos todos, que muito temos a ensinar aos nossos jovens!

Re: Educação Física ....II
por Miguel Pinto - Friday, 21 April 2006, 15:39
Vejo na relutância de muitos encarregados de educação pela inclusão da classificação dos seus educandos à disciplina de educação física para efeitos de acesso ao ensino superior um sinal de auto-culpabilização pela deficiente educação que ministraram aos seus educandos. Se cuidaram da educação, numa perpectiva multilateral dos seus educandos, não teriam problemas com eventuais maus resultados dos seus rebentos à disciplina de educação física. São pais e mães que desvalorizam a disciplina de educação física [a corporalidade] em casa e que não procuram suprimir as deficiências da escola [nos casos em que não existem condições ou existiam condições físicas – esta situação está, hoje, ultrapassada]. São professores de outras disciplinas que têm uma visão de escola tradicional e elitista e que observam as recentes propostas de mudança numa perspectiva micro-política. É o reforço de uma ideia de disciplina escolar de primeira e de segunda categoria que está aqui em causa.

Re: Educação Física ....II
por Francisco Mendes Nunes - Friday, 21 April 2006, 17:00
Meu caro Miguel Pinto, como são injustas e despropositadas as observações que, a propósito da discussão que trouxe ao fórum, faz aos pais/encarregados de educação/professores de outras disciplinas!!!
Quando trouxe o assunto a este fórum, e a outros, fi-lo por ter conhecimento de pais, onde me incluo, preocupadíssimos por, não obstante os seus filhos, alguns com médias superiores a 18, e praticantes de modalidades desportivas extra-escolares pelo menos uma vez por semana,há mais de dez anos, e alguns com a obtenção de distinções e medalhas nas competições em que participaram, não conseguirem obter na disciplina respectiva notas superiores a 14,15 ou 16.
Está,pois, meu caro, profundamente errado, pelo menos no que me/nos diz respeito, quanto à "visão" que, em jeito de análise psicológica, manifesta sobre a desvalorização que os pais/encarregados de educação/professores de outras disciplinas fariam da educação física.
Reitero aqui, uma vez mais, tudo quanto atrás já referi sobre este asssunto, agora ainda mais seguro de que algo não poderá deixar de ser feito pelo governo nesta matéria no seguimento de sugestões que aliás já foram apresentadas pelo Conselho Nacional de Educação.
Por último:
Acho que tanto os encarregados de educação, como os pais, e bem assim os professores de outras disciplinas merecem um pouco mais de respeito.

Re: Educação Física ....II
por Miguel Pinto - Saturday, 22 April 2006, 01:05
Meu caro Francisco Nunes.
Espero que o sentimento de injustiça não ande de braço dado com o sentimento de culpa. Eu sou pai e não me revejo no tipo de encarregado de educação que descrevi. Sou professor e o meu grupo restrito de amigos é composto por professores de várias áreas disciplinares. Não percebo onde quis chegar.
O que importa é deixar bem claro que falar do desporto rendimento, na escola, é um equívoco, na medida em que não é possível praticá-lo neste contexto. E não me refiro, obviamente, ao rendimento desportivo enquanto objectivo ético a ser perseguido nem à competição desportiva como uma forma objectiva e directa de avaliação do próprio rendimento. Reduzir a avaliação da educação física ao resultado absoluto dos alunos num determinada modalidade desportiva é uma perversão absurda do alcance pedagógico da disciplina. É óbvio que o desporto na escola não deve decalcar o desporto profissional. É óbvio que a defesa desta concepção de educação física só se justifica pelo “umbigismo” circunstancial de uma prova de acesso.
E já que evocou o CNE, encontro coerência nas medidas propostas pelo Conselho Nacional de Educação no que concerne à isenção das classificações nas disciplinas da formação geral [todas!] para efeitos de candidatura ao ensino superior.

Re: Educação Física ....II
por Mª José Pimenta - Wednesday, 3 May 2006, 16:17
Caro colega
É de facto a ideia de classificar as disciplinas como de primeira, segunda e... terceira.
Está em causa um acesso ao ensino superior e não um simples completar dum ensino secundário onde todas as componentes da formação humana, que se pretende integral, devem ser contemplados.
Para formar os nossos jovens, escolheu-se um elenco de disciplinas, mas ficaram de fora a Educação Musical, a Educação Artística e a Educação Moral. A Educação Física teve um lobby mais forte e está presente no elenco do secundário. Não contesto a sua pertinência, mas que dizer das que são de terceira categoria e por isso nem constam?
A Educação Física precisa de clarificar o seu papel nas escolas: ou é o que o nome faz supor - educação física, ou seja uma das componentes da formação humana - ou assume-se como disciplina onde a prática física é para ser levada a sério e nesse caso deve mudar de nome.
Eu lecciono Física e Química e se uma disciplina se chamasse Educação Científica eu concluiria que era uma disciplina de iniciação com um caracter muito aberto sem que aos alunos fosse exigidas elevadas competências em temas específicos. Conheço o programa de Educação Física (como quase todos os outros) do secundário e concordo que esteja muito bem feito (com tantos mestres nem outra coisa seria de esperar). Sei, por isso, o que é esperado de alunos nos níveis superiores de algumas modalidades e considero que ultrapassa a simples educação física tal como é entendida em sociedade, um corpo saudavel com uma motricidade adequada.
Não concordo que a classificação da disciplina conte para a média do ingresso, não só por tudo o que já disse, mas também porque a leccionação da disciplina está longe de ser uniforme. Li no progama da disciplina que não se deve (altamente desaconselhado) fomentar a prática das 3 modalides desportivas (basquete, andebol, voleibol) no mesmo ano lectivo, mas o que vejo é que, "por falta de condições" isso continua a acontecer com uma frequência muito superior ao que seria de esperar. Pode também acontecer que um aluno complete o secundário sem nunca ter tido uma aula de dança, ou de patinagem, ou de ginástica ritmica, ou de desportiva, ou até destas modalidades em conjunto. Não conheço outra disciplina ao nível secundário em que o programa não seja cumprido.
Ser disciplina de formação geral não é a fatalidade que os professores de Educação Física nos querem fazer crer. Afinal, Físico e Química até só está presente no curricula de um curso, ou seja, é muito mais dispensavel, e os professores não se queixam.
Mª José Pimenta

Re: Educação Física
por Moderador GAAIRES - Tuesday, 2 May 2006, 17:31
Caro Francisco Nunes:
Em relação ao assunto que coloca, cumpre esclarecer que, de acordo com a legislação actual referente ao DL 74/2004, não existe nenhuma informação contrária relativamente à disciplina de Educação Física não contar também o ingresso ao Ensino Superior, dado tratar-se de uma disciplina obrigatória da Formação Geral. A média final do ensino secundário engloba a classificação de todas as disciplinas no seu ano terminal.
A questão que nos coloca tem sido matéria de análise por parte da Equipa de Avaliação, interessando-nos portanto conhecer a sua opinião sobre esta matéria. O esclarecimento de eventuais alterações ao que a legislação actualmente prevê deverão ser colocados junto da Escola e depois junto, respectivamente, Direcção Regional, e se necessário da DGIDC.
Deixe-me referir também que se assiste neste momento a um processo de transição, em que um conjunto de matérias se encontra em ajustamento, pelo que lhe recomendo que se mantenha atento em relação a esta matéria.
Com os melhores cumprimentos
A Equipa de Avaliação

Re: Educação Física
por Jorge Marques - Friday, 30 June 2006, 14:38
Cara Equipa de Avaliação.
Não consigo entender como podem num curso de ciências, a matematica e portugues tenham o mesmo peso do que a EF para baixar a média aos alunos que conseguem notas altas , mas não sabem fazer o pino .
Espero que mudem de opinião rapidamente .
Re: Educação Física
por lucilia macarenhas - Wednesday, 2 August 2006, 08:35
Segundo uma colega de E. Física a nota conta mas tb já ouvi dizer que não e só vão a exame os alunos os alunos que não obtiverem 10 na classificação final.
Não concordo que a nota conte, pois é mt difícil ter uma classificação boa na disciplia de E. F. não sei porquê? será um problema de programa da disciplina? só sei que na minha escola cada vez há mais negativas e notas muito baixas, cujos alunos têm notas muito boas nas restantes disciplinas.
Esta nota vai contribuir para a não entrada em certos cursos.
Também acho que os docentes da disciplina n estão nada preocupados com isso, estarão preocupados sim se tiverem filhos e que essa situação os vá prejudicar!
Cumprimentos.

Nota de Educação Física
por Maria Alberta Fitas - Friday, 15 December 2006, 19:47

Boa noite. De novo um assunto já aqui aflorado: a tremenda injustiça que se pode estar a praticar ao incluir a nota de Educação Física na nota de acesso ao Ensino Superior. Acabo de constatar as maiores aberrações com esta disciplina, numa mesma escola: tectos para una professores, para outros não; critérios a serem aplicados ao milímetro para uns, para outros não há critérios; apreciações subjectivas da importância da disciplina num Agrupamento Ciências e Tecnologias) e para outro ( Artes) não e por isso podem-se inflaccionar as notas! E deste modo alunos com uma média de 18 valores a todas as disciplinas podem ver na pauta um 9 na referida disciplina e depois terão que ir para Espanha tirar determinados cursos. Nós até não precisamos deles para nada! Que aberração!Haja Bom senso.

Re: Nota de Educação Física
por Duarte Rosa - Friday, 29 December 2006, 13:59

Eu até nem me importava que EF contasse para média de acesso....desde que contasse para todos. Se a Srª ministra decidiu fazer exames comuns este ano para evitar desigualdades (o que eu apoio), então eu sugiro que olhe para além dos exames e veja também que há disciplinas comuns às duas reformas e que são avaliadas para acesso de modo diferente

Re: Nota de Educação Física
por Augusto Rio - Saturday, 30 December 2006, 19:38
Sou Professor de Educação Física há mais de 20 anos no Ensino Secundário, tenho 2 filhos, um no 10º e outro no 12º. Compreendo as apreensões de pais, alunos e professores sobre este assunto. O princípio da igualdade nesta disciplina é questionável por vários motivos. São exemplos disso: 1- as condições de instalações, equipamentos e materiais muito diferentes de escola para escola; 2- os programas desigualmente abordados nas escolas, muitas vezes com matérias impossíveis de trabalhar, dado fundamentar-se noutras matérias que o aluno deveria ter abordado no seu percurso escolar desde o 1º ciclo e não o fez, não sendo sua a culpa; 3- a existência de alunos parcialmente ou totalmente impossibilitados da prática de exercício físico (ex. atestados médicos); 4- a existência ainda de escolas privadas sem a disciplina ou então dada de forma leviana.
Entendo que a situação actual é susceptível de injustiças graves, pelo que defendo outra ponderação para a disciplina com menos influência no acesso ao ensino superior.
PS. Aproveito para manifestar também a minha discordância com os privilégios dados no acesso ao ensino superior aos atletas de alta competição.

4 comentários:

«« disse...

Miguel não há muito a dizer desse forum. Eu tb não concordo que a nota da EF conte para a média, acho que a importancia da EF passa pela sua diferença e não pela tentação de a colocar igual ás outras..pode ser doloroso mas acho que esse é o caminhoi

«« disse...

A questão levantada pelo Prof. Amândio tem toda a pertinência e ainda se agudiza pela tentativa de tornar a escola uma agente instrutor por excelência, relegando para segundo plano as outras questões educativas. De grosso modo, o que os políticos fizeram passar para uma sociedade pobre (tanto no que diz respeito às finanças como de espírito) é que a única coisa que interessa para os nossos filhos é o emprego, vai daí um dos slogans que podia ser defendido pela conjuntura actual ( e que é seguida pelos pais menos atentos) era: O seu filho tem que ser doutor, mesmo que, como homem, seja uma besta quadrada….nesta conjuntura a questão da afirmação da EF como uma disciplina igual às outras só a prejudica. A sua afirmação deve ser feita pelas verdadeiras virtudes que ela encerra

Miguel Pinto disse...

Vale a pena olhar para os factos – a nota da EF é considerada no processo de selecção dos alunos para o ES - com algum pragmatismo. A questão do acesso ao ES é, em primeiro lugar, política. As disciplinas que contam ou que deixam de contar, a definição da fórmula de cálculo das médias dos alunos, a existência ou não de avaliação externa, etc.etc., são decisões mais administrativas e menos pedagógicas. Os argumentos valem o que valem e, neste aspecto, estou de acordo com o Amândio quando fez notar que os argumentos não são de modo nenhum irrefutáveis. Se a decisão é política, será neste quadro de referência que importa pensar os argumentos. É aí, no jogo político, que os lóbis decidem os equilíbrios. Será que o lóbi da EF ao “forçar” esta medida jogou mal? A meu ver, jogou bem se atingir o “modus vivendi” instalado na EF promovendo a mudança das más práticas; jogou mal se os profissionais de EF se remeterem a uma estratégia de fingimento…

Jorge Santos disse...

O estatuto da Educação Física no currículo é um tema interessante e importante, mas, de momento, estou mais preocupado com o seu efeito no acesso ao ensino superior.
Acho estranho (e injusto) que alunos sujeitos às mesmas condições tenham tratamentos diferenciados. Os alunos que fizeram o secundário até ao ano passado (currículo antigo) puderam candidatar-se sem interferência da nota de Educação Física. Os que o terminarem este ano (2006/07) verão a sua média afectada por essa nota. No entanto, frequentaram, em simultâneo, as mesmas escolas, tiveram os mesmos professores, usaram (ou não) os mesmos equipamentos e instalações. Qual a razão do tratamento diferente?
Por outro lado, é evidente que as escolas espalhadas pelo país estão diferentemente apetrechadas para a leccionação da disciplina, o que tem reflexos óbvios nas aprendizagens, isto é, nos desempenhos dos alunos. E que mérito ou culpa têm eles por esses desempenhos diferentes? Que sentido tem pôr em pé de igualdade aquilo que, notoriamente, é desigual -- principalmente se, como no caso, os alunos não são responsáveis por essas desigualdades?
Já agora, outro aspecto que não tenho visto tratado. No acesso ao ensino superior concorrem alunos do ensino regular (com educação física) e alunos do ensino recorrente (sem educação física). Ao introduzir no cálculo da classificação para acesso um elemento (a nota de Educação Física) que só favorece ou prejudica parte dos candidatos, está-se a introduzir no processo um factor de diferenciação ilegítimo que, independentemente do mérito próprio, beneficia uns e prejudica outros.